“Não é o mais forte da espécie que sobrevive, nem o mais inteligente;
é o que melhor se adapta à mudança.”


Sir. Charles Darwin
 

Conceito

Passaram 20 anos.

Sorrisos e lágrimas, nascimentos e mortes, medos e esperanças, decepções e vitórias, de tudo isto se fez e faz o dia a dia de uma pequena Farmácia que a paixão, criatividade e empenho de um jovem recém licenciado em Ciências Farmacêuticas criou e fez crescer entre a ria e o mar.

Em 1992 este lugar onde a Natureza não se poupou a esforços no que à beleza respeita, era uma pequena aldeia envelhecida pela emigração, que se enchia de vida no verão breve e ventoso com a vinda de alguns (poucos) veraneantes e a visita apressada de filhos e netos vindos do outro lado do Atlântico.

Em Maio desse ano, aquele jovem, que sempre sonhara viver lado a lado com a imensidão do mar, não sem medo das muitas premonições de fracasso, encheu-se de coragem, acreditou e tornou-se O Farmacêutico do lugar.

A comunidade local, habituada à dureza do mar e ao esquecimento desconfiou do “Doutor” que, sabe-se lá porquê decidira vir para este lugar, deserto a maior parte do ano, e ainda por cima era amável, ia com eles ao mar, escolhia com eles o peixe e entendia (ou fazia que entendia) a sua forma de estar.

Com o tempo e a partilha, a Farmácia tornou-se deles ao ponto de não deixarem de o fazer notar perante clientes de passagem, meios incrédulos por descobrirem uma Farmácia com sala de chá – lugar de longas conversas - numa pequena praia que, apesar do crescimento (demasiado feito de betão), continuou a ser um parente pobre de outras mais cosmopolitas e mais ao gosto das pessoas “de berço” da região.

A equipa também cresceu e a Farmácia recebeu de cada um deles, um contributo inestimável e distinto porque distintas são as pessoas.

Hoje, o paradigma da Farmácia está em crise, discutindo-se qual deve ser o seu papel na comunidade e no país.

É um novo desafio, talvez maior que o de há 20 anos atrás, mas com a sensatez e bonomia de que a idade é apanágio, o empenho de todos e as pequenas alegrias e vitórias diárias, os “Velhos do Restelo” hão-de continuar sozinhos, repetindo incessantemente os seus avisos num ruído comparável ao eterno rumorejar das ondas.


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